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Presidente do Grêmio abre gabinete e sorri com sucesso em campo: "Renato é o cara!"

Em entrevista exclusiva ao GloboEsporte.com, Romildo Bolzan Júnior fala de vendas de jogadores, finanças e do modelo que levou o time a ser considerado o "melhor do país"




Romildo pega o telefone, "libera" alguns valores e se inteira sobre a situação da negociação de Michael Arroyo. Atende depois o advogado Jorge Petersen e marca uma reunião. Fala com o filho e planeja a viagem para Mendoza, onde o Grêmio enfrenta o Godoy Cruz pelas oitavas da Libertadores. A rotina é atribulada. Mesmo assim, o presidente Romildo Bolzan Júnior arranjou um tempo na agenda apertada para conversar com o GloboEsporte.com. No seu gabinete na Arena, o comandante do Grêmio falou sobre o bom momento do time, a possível venda de jogadores – que tira o sono dos gremistas – e não poupou elogios a Renato Portaluppi.

Com uma expressão tão simples e jovial, o dirigente deixou claro sua admiração por Renato: "É o cara!". Ele soltou a frase ao falar sobre o modelo de jogo gremista e a continuidade do trabalho que vem desde 2015, no início do seu primeiro mandato. Para ele, o treinador aperfeiçoou o trabalho que Roger Machado iniciou no clube. Apontado como melhor time do Brasil, o Grêmio é o espelho do seu ídolo, avalia:

– Renato aperfeiçoou a forma de o Grêmio jogar. Eu diria hoje, o Grêmio joga de acordo com o que o Renato pede. O que nós temos hoje? É o Renato. Aquela acumulação do Roger, é um acumulação que também está no clube. Mas o Renato é o cara!

O que denota uma confiança no trabalho do comandante em plena janela de transferências, diante da expectativa de propostas por Luan e Arthur, dois dos jogadores mais valorizados do elenco e que podem sair. Romildo garante não ter recebido proposta. Mas revela que, se for para um deles sair, que isso ocorra o mais rápido possível.

>> Confira abaixo trechos da entrevista:


GloboEsporte.com – Este bom momento do Grêmio veio depois da conversa que o senhor teve com o elenco, antes do início do Brasileirão (após eliminação no Gauchão). Como foi esse papo? 
Romildo Bolzan Júnior – Aquele momento da conversa, o Grêmio tinha recém terminado a participação no Gauchão e tínhamos 11 dias para fazer a preparação para os próximos campeonatos. As coisas estavam muito soltas. Foi montada uma estratégia de conversa e mobilização. A primeira situação era a conversa conosco. Ali tínhamos que fazer o balanço do que tínhamos em maio. A página estava zerada. Nada mais tinha para ser feito. Maio tínhamos as oitavas de final da Copa do Brasil, a finalização da primeira fase da Libertadores e o começo do Brasileiro. Tudo isso, se conjugasse favoravelmente, seria algo espetacular. Mas se tivéssemos vacilação em cima destas situações, teríamos um enorme problema. Foi feito um diagnóstico, foi feito uma reafirmação de propósito, foi dito ao grupo nossa extrema confiança do que podiam fazer. Foi alertado que o ano poderia terminar ali, poderíamos ficar em apenas uma competição, e que o time poderia muito mais, que o ambiente que se gerava, dependia rigorosamente deles. A confiança passada para eles foi ratificada pela comissão técnica e pelo Renato.

É mais difícil manter essa boa fase ou criar esse ambiente de competição?
Muito difícil manter o que nós atingimos. Porque é natural que haja desgaste da mecânica, dos jogadores, da própria estratégia, dos clubes que vão nos enfrentar e terão melhores enfrentamentos. São situações que vão acontecer. Mas o Grêmio está preparado para suprir tudo isso. Onde está? No nível do plantel deste ano. É um plantel bem mais consistente.

É o melhor plantel do Grêmio nos últimos anos?
Não posso te dizer isso, mas está fechado, agregou diversos valores de formação. Jogadores comprometidos, importantes, jogadores que voltaram a render tudo o que sabiam antes e não tinham rendido, voltaram a render aqui. Jogadores da base, fundamentalmente jogadores da base, que formam metade do plantel. E jogadores que tiveram tempo para ascender no profissional do Grêmio oriundos da base. Essa receita toda, a continuidade de tudo isso, acabou dando no acerto da política e do time.


Por que alguns jogadores que não renderam em outros clubes dão certo aqui?
Eles chegam aqui, estão trabalhando em um ambiente bem estruturado, têm uma comissão, um treinador que os apoia, uma direção que está atenta a tudo que acontece, tem ambiente na cidade que proporciona isso, e o grupo de jogadores é muito receptivo. Isso acaba gerando a perspectiva de desempenhar potencialmente tudo o que joga. O Grêmio tem a cultura de recuperar os jogadores que vêm para cá.

O atual momento do Grêmio facilita o trabalho (financeiramente) fora do campo?
É muito difícil. O projeto do Grêmio é de quatro anos, a gente sempre colocou isso, poderia chegar a quatro anos, poderia chegar antes. Economicamente é um clube saudável, com as contratações feitas, com as receitas de TV até 2024. Tem uma situação economicamente sólida. Porém, nos falta dinheiro do mês, dinheiro do caixa. E isso acaba sendo um fator preponderante.

Há algum avanço neste ano na reestruturação do clube?
Não temos, porque as realizações de receitas vão se dar na capacidade de arrecadar um valor X e isso vai ser necessário que realizemos até o fim do ano. Um valor considerável, de R$ 60 milhões, aproximadamente. Se conseguir arrecadar fora daquilo que está previsto, o Grêmio fecha suas contas tranquilamente.

No orçamento essa receita extraordinária está prevista com venda de jogadores.
Que é uma receita ordinária, porque faz parte do ativo do clube.

Existe alguma negociação em andamento? 
Não temos proposta por ninguém. Surgem muitas consultas e situações nessa época. Como não temos proposta por ninguém, como não temos nada que possa ser objeto de avaliação concreta, o Grêmio não trabalha com esta perspectiva. A boa sondagem é aquela que vem de clube para clube, é a mais consistente. Ou então alguém credenciado pelo clube. Está chegando a hora de a gente trabalhar o assunto de uma maneira muito cautelosa. Na verdade, não sabemos exatamente se as propostas são concretas ou não.

É mais difícil para o time perder Arthur ou Luan?
Qualquer um dos dois, se perder, serão perdas muito sentidas. Tomara que não aconteça nada, mas tomara também que possam ter propostas de negócios que sejam bons para eles, encaminhe a vida deles, que equacione a vida deles, e para o Grêmio, também. O negócio tem que ser realizado neste nível. Se tiver alguma proposta, que seja algo absolutamente impossível de recusar. Temos que aguardar para ver como as coisas vão acontecer. Não sei quem vai sair, mas hoje o Grêmio tem praticamente jogadores para posicionar todas as substituições, independentemente de quem saia.

Se chegar a proposta, é melhor que seja o quanto antes?
Quanto antes tivermos uma clareza de uma situação dessas, melhor. Por qual motivo? Porque podemos preparar a substituição. Segundo, porque podemos negociar a permanência até o final do ano. Não sabemos o tipo de negociação que vem. Temos que trabalhar a situação de uma maneira muito tranquila.

É o cenário ideal é vender e manter até o fim do ano? 
Sim, este é o cenário ideal. Negociar o jogador e ficar com ele até o final do ano.

E a maior dificuldade para isso? 
Quem vai comprar (risos).

O Lucas Leiva está descartado? 
Vai ser difícil finalizar neste momento por conta de uma perspectiva que tem de terminar o prazo na Europa. Acho que essa é a questão mais concreta dele.

"Temos que aguardar para ver como as coisas vão acontecer. Não sei quem vai sair, mas hoje o Grêmio tem praticamente jogadores para posicionar todas as substituições, independentemente de quem saia (Romildo, sobre assédio ao elenco)

O Grêmio está brigando com alguns clubes que têm mais dinheiro. O senhor acha que deu "tiros" mais certos no mercado, como o Michel, por exemplo?
Não é só o Michel, é o Léo Moura, o Cortez. São jogadores que vieram para cá e não tinham… o Léo Moura pela idade, mas é um jogador consagrado e vencedor. O Cortez vinha do Japão em recuperação e está confirmando a recuperação. O Michel sim é uma afirmação técnica de um jogador que nós avaliamos neste sentido. Tem muito a ver em uma avaliação da comissão e do Odorico (Roman, vice de futebol), que trabalharam muito este jogador. São diagnósticos. Tu não vais acertar 100%. Mas os diagnósticos de jogadores potencialmente podem render para o clube.

Das três competições que o Grêmio disputa, é possível vislumbrar alguma conquista?
Impossível vislumbrar. O Grêmio está bem em todas as competições, tem que esperar andar. Tem que acumular gordura no Brasileiro. E fazer um bom resultado lá na Argentina. Se consegue passar para a semifinal da Copa do Brasil, se consegue passar para as quartas da Libertadores e continua mantendo um nível bom no Brasileiro, é o ideal. Só vai acontecer isso se as coisas forem absolutamente possíveis. Se tiver partidas mais decisivas para serem resolvidas, algumas situações vão ser sacrificadas. Não significa que vamos perder a outra situação que estamos sacrificando, mas significa que vamos poupar algumas coisas. O momento certo vai dizer. Logo em seguida todo mundo vai entender e verificar que aquele momento é o de poupar.

O torcedor Romildo prefere resultado ou desempenho? 
Se tem apenas resultado, logo em seguida vai pagar o preço disso. Se tem desempenho e resultado, é a receita ideal. Só o resultado e atender à sorte, é uma receita que vai cobrar muito caro logo em seguida.

Renato chegou e aprimorou um estilo que o Grêmio estava colocando em prática. Ainda tem gente que fala muito do Roger. Passou quase um ano que ele saiu e ainda se fala muito dele. Por que o senhor acha que isso acontece? 
É uma identidade deste grupo de jogadores, aperfeiçoada e comandada pelo treinador. É um trabalho fundamental, porque participo de muitas palestras e vejo o alerta do Renato dizendo onde é melhor encaixar e jogar. O Grêmio tem jogadas ensaiadas. Muito acontece pelo trabalho que está culturalmente acumulado na bagagem tática dos jogadores e também porque os jogadores têm essa característica. O Grêmio acostumou-se a jogar assim. O Renato aperfeiçoou muito isso. Aperfeiçoou com objetividade, com capacidade de marcação, de finalização, principalmente neste ano. Tudo isso é um somatório. O Roger contribuiu na sua parte e o Renato faz a sua parte. Cada um tem sua parcela de contribuição.

O sonher considera que a parcela maior é do Renato?
O Renato aperfeiçoou muito a forma do Grêmio jogar. Eu te diria hoje, o Grêmio joga de acordo com o que o Renato pede. Não tem essa história. Não tem parâmetro de comparação, cada pessoa é uma pessoa, cada trabalho é um trabalho. Cada treinador tem as suas situações. De fazer valer suas visões. O Renato tem as suas e está sendo vitorioso. O que nós temos hoje? É o Renato. Aquela acumulação do Roger, é um acumulação que também está no clube. Mas o Renato é o cara!

Ele é técnico, é ídolo, é personagem. É muito difícil trabalhar com ele? 
Para mim, ele é o treinador do Grêmio. E é um cara muito fácil de trabalhar. Tem boa capacidade de ouvir, de conversar, de transigir. Acho ele uma pessoa muito aberta, trabalha como uma pessoa aberta e com boa capacidade de compreensão de ambiente.

É o melhor momento da carreira do Renato como técnico? 
Não tenho dúvida. Com certeza. Vivenciei com ele 2013, que era treinador e tivemos uma vivência. Era vice e várias vezes viajamos. Mas ele está muito melhor. Na visão de jogo, no amadurecimento pessoal, nas relações humanas, na capacidade de visualizar alterações do campo e de formação do time. De solidariedade, estimulação do ambiente, acho que acumula muitas virtudes.

Recentemente, o Renato precisou administrar duas situações, com Maicon e Bolaños. Como o presidente viu isso? 
Tenho a visão de muito comprometimento. Do Maicon, de uma maturidade fantástica, o treinador, por confiar no jogador, quis fazer um esquema com ele junto. Verificando isso, ele tem a coragem de vir a público e dizer: “Olha, tem gente melhor que eu, não me importo em ir para o banco”. Tipo de jogador que revela comprometimento, liderança e revela que “tenho tanta confiança na minha bala que vai ter volta, eu vou garantir a pegada e voltar a ser titular”. É assim que se procede no futebol. Quanto ao Bolaños, vejo muito positivamente essa questão dele não querer correr riscos. Tem sido o procedimento do departamento médico do Grêmio, só libera quando estiver plenamente em condições. Já foi isso com vários. O Bolaños entrou neste mesmo tipo de situação. Se não está apto ainda, espera sua hora que vai voltar.

Beto da Silva, que pouco jogou, foi um investimento do Grêmio, e até agora não correspondeu. Como a diretoria lida com isso?
É uma fatalidade que aconteceu. O jogador está muito mais desgostoso e ansioso do que nós. Veio para jogar. Recuperando, ele vai sofrer um processo de avaliação bem organizado. E vai acabar, vamos ver se as lesões que acontecem com ele tem outras causas ou é uma situação específica de jogo ou treino. Neste momento vamos saber exatamente o que passa. Mas contamos com esse jogador, é promissor, de 20 anos, seleção peruana. Acho que temos nele uma bela figura pela frente.

Citei o Luan na questão das vendas. Mas paralelamente tem a questão da renovação. Como está a situação? 
Temos muitas coisas encaminhadas com relação ao Luan. E estamos em compasso de espera porque temos poucas coisas para acertar. E essas poucas coisas precisam ser acertadas. O representante dele fala conosco, os nossos falam com ele, vamos aprimorando tudo isso e tenho certeza que vamos chegar a um resultado bom final.

O senhor vê alguém jogando mais que o Luan no Brasil? 
Não. Neste momento, não.

Melhor futebol, melhor jogo, Luan muito elogiado... De alguma maneira preocupa ou é bom que o Grêmio esteja na boca do Brasil?
Olha, tchê, eu não me assombro com isso. Nem para o bem, nem para o mal. Nem quando está muito por baixo, nem quando está muito por cima. Se está muito por cima e te deixa envolver, logo em seguida teu tombo é grande. Se está muito por abaixo e tem deixa abater, teu tombo também é grande. Jogue teu futebol, continue neste nível de comprometimento, de foco, de compreensão das partidas, de vibração, de desejo de vencer, de organização de clube, de time. Continuando neste padrão, os resultados acontecerão. Se deixar se levar por coisas externas, as coisas podem sucumbir.

fonte: http://globoesporte.globo.com/rs

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